domingo, 12 de fevereiro de 2012

Coração

"Só tu me fazes dizer as coisas que te digo. Estou à tua espera. Quando chegares vou-te morder devagarinho. Só até fazer doer. Agora, para que o tempo passe, vou escrever o que passa pela minha cabeça. É então assim.

(...)

Restam as coisas simples. São as mais belas. Por exemplo o haver uma pessoa que goste de outra. Isto é o mais belo de tudo o que há no mundo por mais que se procure por todo o lado. E o que é que quer dizer uma menina gostar de um menino ou um menino gostar de uma menina? Quer dizer: fazerem tudo um pelo outro. O tudo podendo ser maior ou mais pequenino consoante a alma, o tempo e o espaço. E o que quer dizer um menino gostar de uma menina, menina que também gosta desse menino? Isso é o fim do mundo.

De vez em quando, muito de vez em quando, há um fim do mundo. O mais engraçado é que ninguém nota. O menos engraçado é que ninguém aprende. Isto é: ninguém sabe nem como começa nem como acaba, nem como se repete. Para dizer a verdade nem se sabe como dura um fim do mundo em que duas pessoas podem fazer tudo, são tudo, sem mais ninguém. Não está certo.

(...)

A vida não é assim uma sucessão de pequenos fins mas sim uma sucessão de pequenos milagres e não digo mais nada até tu chegares para te começar a morder. Só, só até doer.

Só tu me fazes fazer as coisas que te faço."

Coração @ Histórias Verdadeiras by Pedro Paixão

Gosto.

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